domingo, 24 de outubro de 2010

A inércia da alma




Dia clarinho
Vento fininho
Suspiro
E lá está.
Chuva chovendo
Frio tremendo
Esconderijo
E lá está.
Tempo,
Temporal,
Temporada.
Dia,
Noite,
Madrugada.
Tudo.
Continua lá.
Um talher fora do lugar
Uma planta seca
Um copo sujo
Uma janela aberta
Uma cortina velha
Um pobre olhar
Um horizonte
Que com seus trópicos
E meridianos
Lá está.
Vestindo trapos
Sem se pentear.
Está a coisa
Que se assentou
Num resto de sofá.
A coisa que não sai
Que não busca outro lugar.
Que não fala,
Que resmunga
Que vive a lamentar.
Um fungo humano
A escarrar
Suas dores
Sua inércia
Sem sorte,
Sem direção.
Lá está a coisa
Assentada
Sob o passado,
O presente
E o futuro
Perdida no espaço
E no tempo
De angústia e solidão.



Natália Abreu



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