domingo, 24 de outubro de 2010

Criança, criação





Eu vi uma criança
Admirada com a lua
Queria pegá-la
Com a palma da mão
Eu vi uma criança
Chorosa
Queria colo
E não entendia que “não”
Olhos vivos, arregalados
Olham em qualquer direção
Criança sapeca,
Esperta, moleca
De pés descalços no chão
O colo do adulto, astuto,
É o apoio
Para alcançar a lua com a mão
Desejo de criança é assim,
Que nem bola de sabão
Assopra, faz borbolhas,
Vão flutuar na imaginação
Eu vi essa criança
Não tem cor, nem estatura
Nem cheiro, nem dimensão
Vi cativa,
Lúgubre solidão
Criança perdida
Num corpo qualquer
Menino, menina.
Homem, mulher
Numa bolha de sabão
Alcanço o céu,
Toco a lua com a mão
Vi dentro de mim a criança
Que ansiava por criação.



Natália Abreu

Nenhum comentário:

Postar um comentário