Muito temos em comum
Muito temos de diferente.
Somos de peixes.
Somos da imensidão do oceano,
Somos de coração quente,
De emoções musicais,
De envolvimento ativo,
De entrega,
De fantasias latentes.
De sinceridade,
De persistência.
De sensibilidade,
De momento,
Somos de toque,
De cheiro,
De beijo,
De pele,
De arrepios,
E de pensamentos...
Confusos pensamentos.
Somos de peixes.
Talvez por isso
Nadamos em direção ao nada
Mas nadamos em direção à luz.
Quanto mais profundo o mergulho,
Mais escuro.
Vez ou outra
Optamos pela superfície.
Mas não tente nos segurar
Ou vai nos ver escapando pelos dedos.
Somos de liberdade,
De livres impedimentos,
De ausentes limites.
Quase nunca nos apanha o medo.
Resistimos ao frio,
Ao calor,
À correnteza.
Por detrás de nossas escamas
Eis tamanha fortaleza.
Somos de peixes.
Vimos nas coisas simples
As mais valiosas,
O valor além da matéria.
A musicalidade de uma poesia.
A perfeição de uma prosa.
A imaginação num beijo apaixonado.
A essência,
A existência,
Credos dos quais
Por muitos abandonados.
De detalhes, somos.
Amantes, somos.
Realidade e sonhos.
Nossa natureza é essa,
Ainda que esteja poluído
O nosso oceano de solidão.
Alguns pensam que morremos pela boca.
Mal sabem que morremos pelas omissas
Questões do coração.
Somos de peixes.
Natália Abreu
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