sábado, 29 de novembro de 2014

Escuta



E muito caminhou tentando lugar.

Bate numa porta, bate noutra.

Mal podia se expressar.

Abriu a porta e lhe olhou nos olhos.

“Pois não, pode entrar”!

Fez silêncio para que falasse.

Começou a falar.

Ouviu.

Chorou.

Serviu-lhe mais ouvidos.

Até que calou.

Meia dúzia de palavras ousou.

Levantou.

Um sorriso estampou.

“Obrigada”, falou.

Era essa a “precisança”.

Um pouco de ouvido,

Um pouco de olhar,

Um pouco de importância.

Não era mais nada.

Era um sujeito que queria ser escutado

Por alguém que pudesse lhe ouvir.



Natália Abreu

Sobre o relativismo cultural


 

Entre nós há de haver algo em comum

Algo que independa do lugar

De cor,

De classe,

Religião.

Algo que seja a nós transmitido

Como base, educação

Entre nós a diversidade não pode

Ser barreira ou força

Que amordace nossa boca

E até nossas mãos

Há de haver o comum,

Que ecoa no norte e no sul

Há de haver...

Um grito no ocidente

Que se ouve no oriente

Mas que lá também se atente,

 O que é comum, então?

O repúdio ao sofrimento,

À escravidão?

À ausência total de liberdade?

Se entre nós há de haver a interseção

Que seja no mínimo,

A própria humanidade.



Natália Abreu

Saudade




 

Tantos falam tanto em saudade

E eu consigo apenas umas linhas...

Sei que a sinto latente,

De tantas coisas,

Tanta gente...

 

Hoje digo da saudade contente

Que trás à memória recente

Lugares, pessoas ausentes.

Espaço e tempo se tornam indiferentes.

Traz som, cheiro e cor ao presente.




Natália Abreu

De hoje


 
 

Fui para a fila.

Deixei a cama,

Deixei menino,

Deixei vasilha.

 

Fui para a fila.

Deixei a casa,

Deixei a fome,

A melodia.

 

Fui para a fila.

Deixei meu nome,

Deixei minha queixa,

Deixei minha vida.

 

E um pouco de cada um

À minha frente, ou atrás de mim

Ficou na fila

Que se desfez no fim do dia.

 

Amanhã devo voltar...





Natália Abreu

O sonho do menino


Um menino carrega consigo a esperança

De ser gente grande, gente importante na vida.

Ter um nome, uma casa, uma família.

Um trabalho do qual se orgulhe todo “santo” dia...


Não aborte a esperança do menino.

Que enquanto menino, carece sonhar.



Nabreu

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Conquista




É muito simples: se queres ser digno de confiança, seja confiável. Nem tudo se pede; conquista-se.


Nabreu

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Sobre discurso e prática





Se quiser dizer de Deus, ou de coisas boas, ou de moral, ou do que quer que seja, imagine que você é um lápis sob uma folha em branco e tudo o que faz vai deixando escrito, para qualquer um e para si mesmo, quem realmente és e o que realmente prega. 

Porque o exemplo é uma forma de ensinamento, seja pelo bem ou pelo mal, pelo certo ou pelo errado. 

Essa reflexão me leva a querer ser cada dia melhor como ser humano. 

Julgar menos. 

Ouvir mais. 

Enxergar minha 'pequenice' diante do universo e recolher-me, muitas vezes, à minha ignorância. 


Nabreu