Eu preciso dizer a você
Das incríveis maneiras de existir
Que nenhuma aspereza de vida
Substituirá a beleza do sentir
É que a vida, sabida,
se encarrega
Ora de expor, ora sucumbir
Mas existe um menino
Para quem, se houvesse jeito,
Eu queria chamar no estreito
E lhe dizer ao pé do ouvido,
Como quem dá conselho
Ou oferta, ligeiro,
um ombro amigo
Eu queria dizer
Que teria, genuinamente,
acolhimento,
Praquele menino
Que se viu imperfeito
E como doeria ser diferente
Tal qual um punhal
Rasgando-lhe o peito
Queria que ele soubesse
Que o outro não lhe definiria
Que sua história não lhe limitaria
E que não teria lugar no mundo
Onde não lhe caberia
Menino,
Eu queria te dizer tanto
Eu queria…
Mas você já sabe!
Saberá…
ou já sabia?
Que o céu inteiro é o limite
Mesmo que só você acredite
Que toda luta travada
Já era trecho
Compondo estrada
Sim! Você já sabia!
Que mesmo que fosse sofrido
O sonho,
No coração do menino
Encontraria meio de ser vivido
Voa, menino!
Que a vida tem pressa de acontecer
Que os trechos rumados
não se dão à toa
Tem sons que só a gente escuta
Ecoa…
Portanto, não tenha medo,
Menino, voa!
Natália Abreu